Concerto para Acordeão e Orquestra
de João Pedro Teixeira Neto
Dos cantos silenciosos da solidão e das tempestades da dor coletiva, dei forma a esta sinfonia — um espelho do nosso tempo, composto em silêncio e nascido em som. Quando a pandemia atravessou fronteiras e invadiu nossas vidas, a música se tornou minha voz.
Não apenas um concerto, esta obra é uma conversa — não entre solista e acompanhamento, mas entre respiração e respiração, alma e som. O acordeão não se isola; ele vive dentro da orquestra — às vezes sussurrando, às vezes chorando, às vezes se erguendo em protesto.
Dividida em três movimentos, a obra percorre uma paisagem de memória e emoção. Cada momento, embora marcado pela dor, é permeado de beleza.
Título: Sinfonia Inesperada — Concerto para Acordeão e Orquestra
I – A PANDEMIA
II - HERANÇA AFRICANA
III – BRASIL EM CHAMAS / EM BUSCA DE UMA CURA
Dividida em três movimentos, a obra percorre uma paisagem de memória e emoção. Cada momento, embora marcado pela dor, é permeado de beleza. Esta é a nossa história, cantada em três capítulos:
Uma Odisseia Poética para Acordeão e Orquestra — Ecos de um Mundo Transformado. Composição, Arranjos e Orquestração de João Pedro Teixeira
I – A PANDEMIA
Um único sopro — trêmulo, ancestral — abre a peça. O Sheng, o ancestral chinês do acordeão, cantarola o primeiro aviso. Um som silencioso e oscilante — como uma ondulação antes de uma tempestade. Cordas prendem a respiração. Fagotes e glockenspiel tocam tercinas nervosas. E então se espalha:
“De Wuhan para o Mundo”,
“Hospedeiros” — o vírus nos encontra.
Chegamos à Lombardia. Pego o Organetto Italiano, citando uma tarantela. Ele dança — mas lamenta. O Corne inglês ecoa em luto, e as cordas nos embalam em véus de luto.
"Além da Compreensão" é o nome que dei a este momento. Uma celebração interrompida. Uma música interrompida no meio da frase.
Uma trompa soa — um futuro solitário desaparecendo.
“Deixando o futuro para trás.”
Então, a UTI fala.
“Sons Vitais” — transcrevi as vozes das máquinas, os ritmos da sobrevivência. Bipes. Pulsações. A linguagem da vida, presa por um fio. A orquestra se torna um quarto de hospital, e o acordeão, sua batida silenciosa.
A morte chega — não com medo, mas com mistério.
“A Transição”,
“A Passagem.”
Imaginei o que não pode ser conhecido.
E então veio o Luto. O acordeão diatônico grita em melodia, apoiado por sinos, tímpanos, cordas — todos respirando como um só.
Um último Tutti surge — urgente, desesperado.
“Alerta final.”
II – HERANÇA AFRICANA
Este movimento nasceu do fogo — Injustiças relacionadas contra negros americanos. Casos de incêndios em muitas cidades americanas acenderam uma chama que iluminou o mundo.
Nessa chama, encontrei nossas raízes.
Um acordeão cajun canta um solo melancólico — 9 compassos de memória.
O contrabaixo responde na sombra, nos ancorando na terra.
Então o ritmo desperta:
"Coco: União das Culturas Indígenas e Africanas".
Cordas e percussão dançam. Uma vibrante celebração da ancestralidade.
Segue-se um momento sagrado — os violinos silenciam e, durante oito compassos, os músicos batem palmas.
Humano, simples, ancestral.
Um gesto de respeito. Um retorno ao começo.
Mas a alegria se transforma, e a escravidão se instala.
Um clarinete chora, depois passa a tristeza para a trompa inglesa.
Quatro trompas ecoam séculos de correntes.
O maracatu sussurra ao fundo — primeiro timidamente, com agogô e caixa — depois evolui para um coro completo de tambores e ancestrais.
“Ancestrais”
Maracatu explode. Orgulhoso. Poderoso. Vivo.
A melodia permanece europeia — vibrante, barroca — como um fantasma de império pairando sobre um ritmo que nunca compreendeu.
E, no entanto, eles se encontram. Em desafio. Em esperança.
Escravos e traficantes em união sonora — não na história, mas em sonho.
Depois:
“Canto de Toada do Maracatu” – as flautas assumem a voz humana, os metais respondem como coros.
Passamos por Baque Marcação , Baque Malê , Baque de Arrasto , Baque Trovão — cada ritmo uma história, uma pegada.
Uma cadência de percussão:
"Baque de Parada" — os tambores falam sozinhos, na língua sagrada da alfaia .
Então todos retornam, flamejando em "Quilombo dos Palmares" — uma fortaleza de liberdade esculpida em som.
E para encerrar —
“Alforria”.
O acordeão canta um tema de fuga. De alegria.
A orquestra segue, crescendo, elevando-se.
A liberdade preenche o salão.
III – O BRASIL EM CHAMAS / EM BUSCA DA CURA
Escrevi isso com fumaça nos pulmões e tristeza no peito.
Os incêndios na Amazônia e no Pantanal queimaram não apenas árvores e animais, mas uma parte da nossa alma.
O bandoneon grita — rezador, ferido.
Cordas tremulam como chamas.
Flautas se transformam em pássaros em voo.
Clarinetes soluçam nos galhos.
Trombones e violas gemem como animais sem abrigo.
"Desequilíbrio na Natureza."
Então silêncio.
"A Extinção das Espécies."
O Bandoneon permanece solitário.
As cordas sussurram atrás dele, um fantasma da floresta que um dia existiu.
Trompetes e flautas oferecem um último canto de pássaro, logo engolido pela ausência.
Um tema ternário se desenrola — belo, trêmulo.
"A Rosa do Cairo."
Uma rosa que não pode florescer.
Um aviso de que nós também podemos desaparecer.
Então —
"A Cura de Gaia".
A esperança retorna. Frágil. Possível.
A orquestra se enche de calor, como se a própria Terra estivesse respirando luz novamente.
E finalmente —
"Em Busca da Cura".
O acordeão agora brilha com otimismo, sua melodia um caminho a seguir.
Na Cadenza , eu me solto — improvisando, explorando, dando vida ao desconhecido.
A orquestra se reúne novamente — pulsando, entrelaçando, construindo.
O acordeão avança em incansáveis semicolcheias,
como se perseguisse um horizonte em que ainda acreditamos.
E finalmente, os compassos finais chegam —
banhados em GLÓRIA .
banhados em TRIUNFO .
banhados em ESPERANÇA .
Orquestra Sinfônica Brasileira
João Pedro Teixeira, solista
Miguel Campos Neto, maestro
João Pedro Teixeira com o grande maestro brasileiro Roberto Tibiriçá e a maravilhosa Orquestra Sinfônica de Minas Gerais - Brasil
“Asa Branca” – O Hino do Sertão
Composta em 3 de março de 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, Asa Branca é mais do que uma canção — é a alma do Nordeste brasileiro musicada. Nasceu da poeira vermelha do sertão assolado pela seca , onde a terra rachada e o céu vazio forçam famílias inteiras a abandonar sua terra natal em busca de sobrevivência.
Em sua essência, encontra-se uma metáfora poderosa: a asa-branca , ou pomba-de-asa-branca — uma ave que foge da terra quando as chuvas não chegam. Na canção, ela se torna um símbolo para os povos do sertão, abrindo suas asas e deixando tudo para trás. Sua migração não é uma escolha, mas um grito pela vida.
O acordeão de Gonzaga chora com a tristeza da ausência, enquanto sua voz carrega a dor e a resiliência de um povo que se recusa a esquecer de onde veio. Asa Branca se tornou um hino — um grito de saudade e, ao mesmo tempo, uma canção de ninar de esperança.
Mas a história não termina aí. Anos depois, Gonzaga e Teixeira escreveram a companheira: "A Volta da Asa Branca" . As chuvas voltam a cair, o pássaro voa para casa e o povo o segue. O ciclo de exílio e reencontro, desespero e renascimento se completa.
Ao longo das décadas, Asa Branca foi reinterpretada por inúmeros artistas, transcendendo tempo e fronteiras. Sua melodia é simples, porém atemporal; sua mensagem, local e universal.
Ela continua sendo, até hoje, uma voz viva do sertão — um lembrete de que mesmo na estação mais seca, há a promessa de chuva.
João Pedro – A Voz do Acordeão do Nordeste
João Pedro Teixeira é um acordeonista, compositor e guardião apaixonado da alma musical do Nordeste brasileiro. Nascido em uma paisagem cultural onde a música flui tão naturalmente quanto a fala, João Pedro se tornou uma das vozes mais expressivas de sua geração, canalizando os ritmos, melodias e histórias ancestrais de sua terra através do fole de seu instrumento.
Raízes no Sertão
Desde cedo, João Pedro mergulhou nos sons tradicionais do sertão . O acordeão, onipresente nas festas, procissões e no cotidiano do Nordeste, tornou-se seu companheiro — não apenas um instrumento, mas um veículo de memória e emoção.
Cresceu ouvindo lendas: Luiz Gonzaga , o Rei do Baião; Dominguinhos , com seu fraseado lírico; Oswaldinho do Acordeon , um gênio da técnica. Inspirado por esses mestres, João Pedro começou a trilhar seu próprio caminho — enraizado na tradição, mas com uma voz inconfundivelmente contemporânea.
Forró e Além
Profundamente devoto da tradição do forró — que abrange baião , xote e xaxado —, João Pedro não apenas preservou esses estilos, como também expandiu sua gama expressiva. Suas performances são marcadas pela precisão rítmica, invenção melódica e uma profunda profundidade emocional.
Mas sua música não se limita aos limites do forró tradicional. João Pedro é conhecido por fundir elementos clássicos, harmonias de jazz e texturas orquestrais em sua obra — mais notavelmente em sua composição "SINFONIA INESPERADA" , um concerto para acordeão e orquestra dividido em três movimentos: A Pandemia , Herança Africana e Brasil em Chamas / Em Busca de uma Cura . Esta obra monumental reflete sua visão do acordeão não apenas como um instrumento popular, mas como uma força sinfônica capaz de expressar narrativas complexas e emoções universais.
Embaixador Cultural
Mais do que um artista, João Pedro é um embaixador cultural. Ele levou a música do Nordeste pelo Brasil e pelo exterior, apresentando-se em palcos nacionais, colaborando com artistas de diversos gêneros e educando novos públicos sobre a rica história por trás de cada ritmo e melodia.
Seja tocando um clássico como Asa Branca , reimaginando a paisagem sonora de um Maracatu ou compondo para orquestra completa, João Pedro sempre retorna à essência de sua identidade musical: a voz do povo , o som do sertão e a pulsação do acordeão . Por meio de performances, composições e colaborações, ele continua a celebrar a dignidade da vida nordestina , a riqueza do folclore brasileiro e o poder da música como testemunho e transformação.
Maestro Roberto Tibiriçá
Figura ilustre da música erudita brasileira, tem sido fundamental na aproximação entre a música erudita e a popular. Sua colaboração com o acordeonista João Pedro no "Concerto Sinfônico Asa Branca" é um testemunho dessa fusão. Esta composição faz parte do álbum "Acordeão e Orquestra", de Teixeira, lançado em dezembro de 2023.
Este concerto, orquestrado pelo lendário Sivuca, reimagina a icônica "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, dentro de uma estrutura sinfônica. Sob a regência de Tibiriçá, a performance captura a essência do Nordeste brasileiro, entrelaçando os acordes comoventes do acordeão com as ricas texturas da orquestra. A execução emotiva de João Pedro Teixeira no acordeão confere autenticidade e profundidade à peça, homenageando as raízes culturais do forró e do baião.
A colaboração foi destaque durante o 50º aniversário do Projeto Aquarius, uma iniciativa cultural que visa democratizar a música clássica no Brasil. O evento, realizado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, apresentou a harmoniosa mistura das tradições da música clássica e popular, com Tibiriçá regendo a Orquestra Sinfônica Brasileira e João Pedro Teixeira cativando o público com sua performance.
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
João Pedro Teixeira, solista
Roberto Tibiriçá, maestro
Em sua emocionante performance de "Rapsódia Gonzagueana", João Pedro presta uma homenagem luminosa e apaixonada a Luiz Gonzaga, o reverenciado Rei do Baião do Brasil, onde seu expressivo acordeão se torna a alma de uma envolvente tapeçaria sinfônica, ecoando os ritmos vibrantes e a poesia sincera do Nordeste.
Rapsódia Gonzagueana
Esta rapsódia entrelaça temas, ritmos e paisagens emocionais inspirados no vasto repertório de Gonzaga — da icônica Asa Branca ao swing sincopado de Baião , Xote e Xaxado . João Pedro mistura magistralmente as raízes do forró com a orquestração clássica , criando uma obra reverente e inovadora.
A peça geralmente apresenta o acordeão como sua voz central — não apenas na melodia, mas na narrativa — evocando a vida do sertanejo , as dificuldades da seca, a esperança da migração e a alegria da celebração comunitária.
“Rapsódia Gonzaga” é mais do que uma homenagem. É a carta de amor musical de João Pedro a Gonzaga, transformando elementos tradicionais nordestinos em grandiosidade sinfônica, mantendo a pulsação sertaneja viva e dançante.
A Rapsódia Gonzagueana se desenvolve em um movimento único e contínuo, mas atravessa múltiplas paisagens temáticas:
Introdução – “Sertão Desperta”
A peça abre com uma melodia esparsa e evocativa ao acordeão, que evoca as paisagens áridas do sertão. Isso cria um clima contemplativo, transportando o ouvinte para o coração do Nordeste.
Festa do Baião
Transitando para um ritmo animado de baião, a composição presta homenagem direta ao estilo característico de Gonzaga. Ritmos sincopados e padrões de chamada e resposta entre o acordeão e as cordas evocam o espírito comunitário dos tradicionais encontros de forró.
Xote Interlúdio – “Saudade”
Uma seção mais lenta e lírica introduz o ritmo xote, transmitindo temas de saudade e nostalgia. Aqui, a interação entre instrumentos de sopro e acordeão cria um diálogo delicado, refletindo a profundidade emocional das baladas de Gonzaga.
Final – “Festa no Sertão”
A rapsódia culmina em um final vibrante e festivo, incorporando elementos do xaxado e de outras danças regionais. A orquestra completa se junta, criando uma paisagem sonora jubilosa que homenageia a vitalidade duradoura da música nordestina.
" Rapsódia Gonzaga" é uma sinfonia que presta homenagem ao legado de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Esta composição faz parte do álbum Acordeão e Orquestra , de Teixeira, lançado em dezembro de 2023.
Instrumentação e Performance
A orquestração de Teixeira destaca o acordeão como instrumento solo e de conjunto, destacando sua versatilidade. A composição emprega seções orquestrais tradicionais — cordas, sopros, metais e percussão —, integrando instrumentos regionais como a zabumba e o triângulo para manter a autenticidade.
Na execução, "Rapsódia Gonzagueana" exige proficiência técnica e nuances expressivas, principalmente do acordeonista, que navega por ritmos complexos e melodias emotivas. A peça já foi apresentada em concertos que celebram a música brasileira, frequentemente acompanhada de projeções visuais das paisagens e cenas culturais do Nordeste.
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
João Pedro Teixeira, solista
Roberto Tibiriçá, maestro
Um Tom para Jobim
João Pedro, um acordeonista virtuoso profundamente enraizado na alma musical da música brasileira, cria uma homenagem comovente à arte atemporal de Antônio Carlos Jobim — o arquiteto da bossa nova, a voz dos oceanos tranquilos e dos pores do sol poéticos.
Apresentada ao lado da aclamada Orquestra de Cordas do Iguaçu, esta peça transcende as fronteiras do gênero, convidando os ouvintes a uma conversa lírica entre o sopro terroso do acordeão e a ressonância sedosa da orquestra. Aqui, a sensibilidade do forró nordestino encontra a sofisticação harmônica do legado de Jobim, criando uma paisagem sonora onde a saudade e a celebração coexistem.
O arranjo, sutil e expressivo, presta homenagem não apenas à elegância melódica de Jobim, mas também aos tons emocionais mais profundos que permeiam sua música — saudade, esperança, natureza e amor. O acordeão de Teixeira canta com reverência e renovação, evocando a essência de Jobim sem imitação, oferecendo, em vez disso, uma nova cor, um novo "tom", na paleta da música brasileira.
Gravada e lançada em 2017, a peça faz parte de um esforço mais amplo de Teixeira para reimaginar e elevar a voz do acordeão em contextos orquestrais e clássicos, unindo gêneros tradicionais brasileiros com a sensibilidade da música de concerto. A performance foi elogiada por seu delicado equilíbrio entre maestria técnica, profundidade emocional e arranjo inovador, reforçando o status de João Pedro Teixeira como uma referência na música brasileira contemporânea.
João Pedro Teixeira e seu expressivo acordeão dançando com graça orquestral em uma sincera homenagem ao gênio atemporal de Tom Jobim.
" Um Tom para Jobim " é a homenagem sentida de João Pedro a uma das mentes musicais mais reverenciadas do Brasil: Antônio Carlos Jobim. Fundindo o lirismo da tradição melódica brasileira com a elegância da orquestração clássica, Teixeira cria uma obra que respira reverência e inovação.
Esta composição não é apenas um pastiche de tropos da bossa nova. É, antes, um diálogo — entre as exuberantes paisagens harmônicas de Jobim e a profundidade expressiva do acordeão, um instrumento profundamente enraizado na alma popular brasileira. Teixeira reimagina a estética de Jobim através de uma nova lente, onde as texturas da orquestra de cordas giram suavemente em torno do sopro cálido do fole do acordeão.
A peça se desenrola em um movimento único e fluido, ecoando o fluxo impressionista das narrativas harmônicas do próprio Jobim. Abre com uma introdução suave, onde harmonias de cordas suspensas criam uma atmosfera de névoa e memória. O acordeão entra não com extravagância, mas com humildade — cantando uma melodia que parece emergir de um canto tranquilo do Rio de Janeiro ao entardecer.
A partir daí, a obra se desenvolve em ondas. Figuras rítmicas que lembram o samba-canção pulsam sob linhas de cordas elevadas, enquanto o acordeão entra e sai das texturas — ora como solista, ora como uma voz complementar em um conjunto exuberante. Há ecos de Águas de Março , Luiza e Falando de Amor , não como citações, mas como inspirações fantasmagóricas pairando na harmonia e no fraseado.
A orquestração de Teixeira é transparente e acolhedora, permitindo que cada gesto musical respire. Pizzicatos sutis evocam o balanço das palmeiras; linhas longas de cordas em legato lembram o horizonte infinito do oceano. Uma curta cadência no meio da peça confere ao acordeão um momento de introspecção — como uma conversa sussurrada com o espírito de Jobim.
Em seus compassos finais, Um Tom para Jobim não busca um clímax dramático. Em vez disso, retorna suavemente à atmosfera inicial, como a maré recuando na orla de Ipanema. O acorde final, suspenso e sem solução, nos deixa não com um final, mas com saudade — uma saudade que só a música pode expressar plenamente.
Introdução – Saudade e Sombra
A peça segue uma estrutura quase rapsódica , o que significa que flui livremente, em vez de se ater estritamente a formas clássicas como sonata ou rondó. Isso permite que o desenvolvimento emocional e temático se desenvolva naturalmente, evocando a beleza improvisada das composições de Jobim.
Ele é construído em torno de três seções principais , cada uma com texturas e arcos emocionais distintos:
Introdução – Saudade e Sombra
Desenvolvimento – Cores e Caminhos
Recapitulação e Encerramento – O Tom de um Sonho
Orquestra de Cordas do Iguaçu
João Pedro Teixeira, solista
Paulo Torres, maestro